Por negócios biotecnológicos na Amazônia: nosso Bioeldorado (Setembro 2023 - ACA)
Por negócios biotecnológicos na Amazônia: nosso
Bioeldorado (Setembro 2023 - ACA)
Marcos Rehder Batista
Organizado
em parceria com a Universidade de São Paulo, que enviou pesquisadores na área
de química e farmácia, e Arranjo NIT da Amazônia
Ocidental - Arranjo AMOCI, uma rede de colaboração entre instituições públicas
e privadas de ensino e pesquisa dos Estados do Amazonas, Acre, Roraima e
Rondônia, o “inovação na Praça” olha para a tecnologia, aproveitamento
econômico dos recursos humanos e naturais. O objetivo será promover uma
experiência de intercâmbio voltada para o empreendedorismo científico
direcionado à criação de startups e fortalecimento do Ambiente de Inovação,
nitidamente apropriado ao uso sustentável do potencial natural da região. É
louvável que a principal ação divulgada pelo INPA esteja diretamente de acordo
com a emergente incorporação da agenda da bioeconomia no Pólo Industrial de
Manaus (PIM), uma alternativa fortemente em sintonia com novas demandas da
economia mundial e de um potencial gigantesco (argumentar sobre a biodiversidade
de nossa floresta equatorial seria redundante, é a maior do Planeta).
Uma série de iniciativas que buscam pensar a Floresta
Amazônica como negócio vem sendo consolidadas recentemente, como: a mudança
jurídica no Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA), que passou a
ser uma OS coordenadora de um consórcio composto pela FUEA, UEA (ambas do
Amazonas) e IPT (de São Paulo); o “Plano de Bioeconomia do Estado do Pará” -
primeiro plano estadual brasileiro nesta agenda; e o Distrito Bioagroindustrial
da Amazônia (Biodarpe), inaugurado em Rio Preto de Eva como projeto piloto a
ser disseminado pelo Estado. São projetos que podem ser difundidos, inclusive,
para outras unidades da Federação na Região norte, dado que, fora das capitais,
compartilham de dificuldades semelhantes (ou, pelo menos, comparáveis) para a
promoção do Desenvolvimento Sustentável.
De fato, existem vários desafios para a transformação da “floresta é pé” em negócios, muitos deles já muito bem tratados neste espaço pelo economista Osíris M. Araújo da Silva, a quem tenho um débito incomensurável, cujos artigos permitiram um primeiro contato com as principais questões em voga no meio empresarial manauara, calibrando estas pautas para a construção de uma agenda de pesquisa e reflexão. Diante das transformações possíveis caso se escolha o caminho da bioeconomia como nova agenda de desenvolvimento (sem excluir os demais), parece urgente um aprimoramento institucional capaz de articular a região em todo o seu território legal, para uma otimização dos potenciais não apenas focada na diversidade de produtos, mas em inovação de processo, pois tal transformação pode proporcionar o domínio de toda a cadeia de valor.
Esta independência demanda, sobretudo, da pesquisa científica sobre insumos de origem local, um incremento de agregação de valor revolucionário em nível mundial – sim, estou falando que o mundo verá a Amazônia como modelo econômico e não como foco de restrições e controle. Este é o motivo pelo qual chamou tanto a atenção o fato de a notícia do INPA logo após o 5 de setembro ser sobre inovação, empreendedorismo, orientação para microempresas de base tecnológica, uma parceria entre uma instituição de pesquisa pública brasileira que figura entre as mais conceituadas do mundo e uma rede de parceria científica da Região Norte.
A
mitigação das desigualdades regionais não pode concentrar-se nas vulnerabilidades
nem no protecionismo exagerado, mas em parcerias com os demais estados, onde as
potencialidades precisam ter o protagonismo. A Floresta Amazônica não pode ser
um entrave para quem mora e trabalha dentro de seu território, mas
oportunidade, tanto para os pequenos quanto para os grandes. Também não pode
resumir-se a objeto de negociação para o resto do país, mas uma atração para
investidores empresariais de todos os cantos de nosso mapa (e de fora do Brasil
também... para não falar do PIM). Um aumento nos investimentos federais na
região é salutar; se for para um caminho que inove e agregue valor, melhor
ainda. Podemos estar diante de um novo Bioeldorado.
Marcos Rehder Batista, pesquisador do Núcleo
de Economia Aplicada, Agrícola e do Meio Ambiente (NEA+/IE-Unicamp), do SP in
Natura Lab (FCA-Unicamp) do Centro de Estudos em Administração Pública e
Governo (CEAPG/EAESP-FGV)
Link do original no site da Associação Comercial do Amazonas:
https://aca.org.br/consultorias/por-negocios-biotecnologicos-na-amazonia-nosso-bioeldorado
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