Versatilidade e sinergia abrindo pontes. Lições de Porto Ferreira

 


Estas duas palavras do titulo resumem demais a atuação da Associação Comercial e Empresarial de Porto Ferreira (ACEPF): versatilidade com os setores econômicos, nas tomadas de decisão, nos vários órgãos aonde mantem relações diretas (DEPAR-FIESP e COMTUR, por exemplo); sinergia com o município, com o poder público, com sua região. Através dela se abrem múltiplas pontes para todas as dimensões do desenvolvimento, e se oferece um universo enorme de potenciais para negócios e desenvolvimentos dos mais variados tipos de projetos. É uma instituição acostumada a lidar com as incertezas e possibilidades dos vários mercados que compõe sua economia e de sua posição geográfica privilegiada.

                Porto Ferreira fica na Via Anhanguera, sendo um ponto de ligação para o polo tecnológico de São Carlos e também para a Microrregião de São João da Boa Vista e para o Sul e Minas. Mesmo não possuindo uma população tão grande em comparação com outras levantadas neste projeto, sua economia é predominantemente urbana (apenas 1,28% de seu PIB vem da agropecuária), sendo que seu setor industrial representa quase 40% da economia (só não é maior que em Itapira), destacando-se o setor sucroalcooleiro e , principalmente a cerâmica fina (é considerada a “Capital Nacional da Cerâmica Artística e Decoração”). Possui também um setor de comércio e serviços bastante representativo, com quase 60%, em que prevalece a comercialização da cerâmica produzida no varejo, estimulando também o turismo de negócios em conexão com outros atrativos regionais, como a Cacheira de Emas (Pirassununga) e o turismo religioso (Tambaú). Deste modo, o fechamento de seu comércio acarretaria sérias consequências também para sua indústria, e a condução deste problema mostrou-se vital para a ACEPF.

                Eles não apenas orientaram seus associados e a população em geral já em meados do mês de março como em reunião decidiram por vontade própria pelo fechamento já na tarde de 20 de março, antes mesmo de decretos municipal e estadual. A relação com a prefeitura foi de grande cooperação, e as portas do comércio se abriram antes mesmo da sinalização estadual, com o esforço para que todos os cuidados fossem tomados. Todavia, nem todos aderiram às mudanças de comportamento urgentes para que a atividade econômica se mantivesse dentro de um mínimo necessário para evitar uma explosão da contaminação: os leitos de UTI lotaram e houve um retorno ao mini-lockdown. Com isso passou-se a monitorar as condições de saúde e mudar os protocolos de acordo com a evolução do quadro. Houve sim pressão dos comerciantes sobre o poder público, mas sem ações judiciais, confirmando a relação de bom diálogo. Não existe um sentimento de que a pandemia acabou (ou quando vai acabar), mas sim como adaptar os negócios a ela, como mostra a iniciativa de produzir uma máscara com seu logotipo:


                Esta boa relação com as mais diversas esferas institucionais do município e especialmente com o poder público foi construída ao longo do tempo, e ficou evidente na participação da ACEPF elaboração do Plano Diretor, em 2017. Sobretudo, ela se debruçou sobre boa parte das questões burocráticas do Plano Diretor de Turismo, onde articulou-se o setor produtivo com o varejo e com pontos turísticos da região: ou seja, a ACEPF ajudou a elaborar um projeto turístico de âmbito regional, envolvendo os atrativos climáticos de Santa Rita do Passa Quatro, religioso de Tambaú e da Cachoeira de Emas, em Pirassununga, articulando o sistema hoteleiro e gastronômico regional e cumprindo um papel fundamental na concepção da Região Turística Histórias e Vales, que conta com 9 “Municípios de Interesse Turístico”.

                Realmente foi possível ter acesso à muita informação, principalmente pela disponibilidade da presidência da ACEPF, e tenho consciência de que muito pouco foi colocado nesta breve apresentação. Há uma agilidade evidente e uma facilidade enorme em sintonizar os objetivos dos mais variados interlocutores, abrindo um riquíssimo espaço para quem se dispuser a assumir a responsabilidade do planejamento através desta instituição. Esta característica receptiva e proativa para abrir pontes estimula o desenvolvimento de projetos e criação de negócios, como foi pontualmente dito no primeiro parágrafo. Esta associação comercial está definitivamente no grupo das que entendem a importância de uma boa gestão da sociedade para o sucesso econômico, e se dispõe muito a cooperar com o desenvolvimento sustentável.

 

Link para introdução ao projeto “Com a palavra, as associações comerciais”

https://rbsustentabilidade40.blogspot.com/2020/06/crise-com-palavra-as-associacoes.html

 

 

Marcos Rehder Batista, sociólogo, doutorando em Desenvolvimento Econômico no Instituto de Economia/Unicamp, pesquisador do NEA/Unicamp e do Urban Living Lab-SP, líder do projeto RB Sustentabilidade 4.0. E-mail: marcosrehder@gmail.com

 


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