Desafio que exige reinvenção. Lições de Santa Cruz das Palmeiras
Somando-se todos os fatores,
talvez Santa Cruz das Palmeiras seja o município mais afetado entre os
estudados aqui. Com uma população estimada de quase 32 mil habitantes, tem pelo
menos 1190 casos confirmados de Covid 19 e 17 mortes, (14 só no mês de julho).
Isto acarretou uma série de consequências, dentre elas o fato de ainda estarem
com uma série de serviços sem funcionar, como confirma o decreto no
63/2020, da última sexta feira. Este cenário pode trazer uma crise econômica
acentuada para a cidade, e por isso uma campanha de conscientização da
população e dos comerciantes é urgente para frear o avanço da doença nas
próximas semanas.
A
área onde se encontra Palmeiras começou a ser definitivamente ocupada na década
de 1870, em virtude da cultura do café, tal que na década seguinte o povoado já
se desmembrou de Casa Branca, e antes da chegada do século XX já era uma
comarca. Com 12% de sua economia voltada para o setor agropecuário, o que a
coloca em um posto intermediário neste quesito. Sua indústria é pouco
representativa, com 4,46% do PIB local. Deste modo, tem-se 83,45 da economia
girando dentro do setor de comércio e serviços, o maior percentual da região, o
que em condições normais seria um potencial enorme para a organização do setor,
mas nas condições de pandemia torna a cidade a mais prejudicada, pois é
exatamente o setor que parou. Pior ainda, sendo a que aparentemente teve as
piores restrições, necessita-se urgente de um plano de recuperação econômico,
em que prefeitura e a Associação Comercial e Empresarial de Santa Cruz das
Palmeiras (ACESCP) precisam encarar o desafio de rearticular e orientar esta
retomada dos negócios.
A
sua localização geográfica é extremamente favorável à uma reinvenção de sua
estrutura econômica. É vizinha de Porto Ferreira e Pirassununga, dois
municípios com mais de 50 mil habitantes e com forte setor produtivo, o que
também significa que fica próxima à Via Anhanguera, o que facilita o escoamento
produtivo e o fluxo de turistas vindos de outras regiões. Também tem ao seu
lado Tambaú, que como os dois municípios citados possui um forte setor
produtivo, além de ser hoje um grande polo de turismo religioso, atraindo muita
gente que passa por Santa Cruz das Palmeiras: se ela possui um setor de
comércio e serviços tão forte, como não aproveitar este fluxo de pessoas.
Cidadãos de Casa Branca, Mococa e São José do Rio Pardo passam por lá para
chegar até Porto Ferreira, Pirassununga e várias outras. Ou seja, existe um
enorme potencial para atrair a todos que por ali passam.
Para
isto, será fundamental uma reinvenção das atividades urbanas na cidade,
articulando a classe empresarial com respaldo técnico e científico em gestão de
negócios, economistas e cientistas sociais. Além disso, é necessária uma
articulação urgente entre área da saúde e econômica, para uma campanha de
conscientização para evitar uma nova explosão dos casos de Covid 19 a partir do
próximo mês, quando está programada a flexibilização. Este papel de renovação
econômica é um desfio que exigirá capacidade de articulação e visão estratégica
tanto do poder público quanto da ACESCP, caso contrário as consequências
econômicas, sociais e sanitárias podem ser caóticas. Juntos somos mais fortes!
Link para introdução ao projeto “Com a palavra, as associações
comerciais”
https://rbsustentabilidade40.blogspot.com/2020/06/crise-com-palavra-as-associacoes.html
Marcos Rehder Batista, sociólogo, doutorando em Desenvolvimento Econômico no Instituto de Economia/Unicamp, pesquisador do NEA/Unicamp e do Urban Living Lab-SP, líder do projeto RB Sustentabilidade 4.0. E-mail: marcosrehder@gmail.com
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