Empatia e liderança. Lições de Mogi Mirim
Seguindo o propósito de encontrar
o que há de diferencial em cada associação comercial na região e as diferentes estratégias
para a superação da crise provocada pela pandemia, hoje tratarei a Associação
Comercial e Industrial de Mogi Mirim, a ACIMM. A empatia e a positividade com que
está lidando com este momento caótico precisa ser realmente uma inspiração,
mesmo sendo junto com Mogi Guaçu o lugar aonde temos as maiores restrições e
com a mais rigorosa fiscalização (a postura do poder público nos dos dois
municípios e as regras impostas foram praticamente as mesmas). Este aspecto humano
de otimismo pautado na liderança de sua diretoria é acompanhado pela atitude da
equipe, e isto acaba atenuando os impactos negativos e mantem os associados
juntos, sempre em busca de novas alternativas, o que já era feito antes da
Covid 19.
Surgida
como rota durante o Ciclo do Ouro, Mogi Mirim é a cidade mais antiga de todas
na região, e durante um certo período foi mais importante que Campinas no
interior paulista, tendo sido a origem política de quase todos os municípios
tratados neste projeto. Como quase todos os municípios da região foi uma tradicional
área agrícola, sendo que a importância desta atividade vem aumentando nos
últimos anos, sendo a única que cresceu neste quesito (saltou de 2,8 % em 2007
para 4,88% do PIB em 2017). Mesmo possuindo um parque industrial respeitável,
com empresas multinacionais como Lindsay, Eaton e Ambev (além importantes
nacionais e locais), o setor industrial representa 27,7 % de sua
economia, o que demonstra que seu setor de serviços é realmente forte (67,42
%).
Deste
modo, pode-se imaginar um setor de comércio e serviços bastante dinâmico, o que
deu origem à um movimento fora do circulo institucional da associação comercial,
o “Ação Comercial”, focado em ações coletivas para movimentar as regiões comerciais
que se organizou e assumiu a ACIMM, consistindo em uma renovação que em alguns
casos é importante, sobretudo nesta década de tantas transformações no mercado.
Com isso, empenhou-se no desenvolvimento de projetos inovadores, como uma
incubadora de Startups e a implantação de uma Agência de Desenvolvimento, que
está num estágio bastante avançado.
Esta
postura proativa marca a reação em relação ao cenário de estagnação na
atividade comercial provocada pelos decretos estaduais e municipais. Se por uma
lado a diretoria tem com muita clareza a consciência da importância da liderança
e da mobilização da classe empresarial para se buscar alternativas menos
restritivas no funcionamento das atividades consideradas não
essenciais, mesmo antes do dia 20 de março já havia uma campanha de
conscientização dos comerciantes sobre o tamanho do problema e orientações
sobre cuidados necessários para este "novo normal". Além de espaço em meios digitais
para divulgação de delivery e drive thru, foram feitas lives periódicas exclusivas da ACIMM sobre soluções para
a crise, declarações em vídeo da presidência e de outras lideranças
empresariais locais – tanto para orientar quanto para expor para a sociedade o
drama que os empresários estão vivendo -, e isso promoveu um sentimento
coletivo que levou à uma série de avanços em relação às imposições do poder público,
como ampliação dos horários de funcionamento. A consciência da importância da
capacidade de mobilização quando não há canais efetivos de comunicação com o
poder público é um instrumento importante na condução da crise por parte da ACIMM.
Também
é marcante o esforço em se lidar com os problemas deste período de uma maneira
que buscava superar o derrotismo trazendo mensagens positivas sempre que
possível, como lembrar em suas mídias digitais datas de aniversário e dias
comemorativos inusitados, como “Dia do chocolate”. Foram coisas simples, mas
que tiram o peso de cenário de filme de terror que nos cerca, e aguçam bem
estar e a tão necessária criatividade, fundamental para a reinvenção pela
qual várias atividades terão que passar. O sorriso no rosto e evitar expressões
de austeridade foi muito marcante, e fez a diferença.
O
exercício da empatia com a sociedade de um modo geral foi e é o principal
instrumento da liderança exercida pela ACIMM sobre seus associados e na
sociedade de Mogi Mirim em geral. Assim como amparo técnico em todos os
aspectos que envolvem o meio empresarial, estas posturas envolvem as pessoas de
modo que elas usufruam mais e melhor do que é oferecido por uma associação
comercial, empoderando esta instituição em outros aspectos do desenvolvimento
local, como sustentabilidade e planejamento municipal. Existe ali um ambiente
de incentivo à criatividade e ao bem estar que marca sua atividade e impulsiona
seus parceiros para a criação de oportunidade, e isso é uma ótima inspiração.
Link para introdução ao projeto “Com a palavra, as
associações comerciais”
https://rbsustentabilidade40.blogspot.com/2020/06/crise-com-palavra-as-associacoes.html
Marcos Rehder Batista, sociólogo, doutorando
em Desenvolvimento Econômico no Instituto de Economia/Unicamp, pesquisador do
NEA/Unicamp e do LEICI/Unicamp, líder do projeto RB Sustentabilidade 4.0.
E-mail: marcosrehder@gmail.com
Comentários
Postar um comentário