Intercidades abril/2021: Serviços Públicos 4.0 estão à mão
Intercidades abril/2021: Serviços
Públicos 4.0 estão à mão
Marcos Rehder Batista
O
tema do “Intercidades” desta terça feira, evento digital promovido pela União
dos Vereadores do Estado de São Paulo (UVESP), se coloca como um desafio neste
momento em que muitos nos colocam diante do chamado “Estado 4.0”: Serviços
Públicos do Futuro. O que mais chama a atenção é a capacidade dos organizadores
em trazerem estes debates para perto das pessoas, pois geralmente estes temas
chegam à população em contextos globais, e mostrar que a revolução digital hoje
está em instituições comuns a todos é um primeiro passo para que as pessoas
entendam e dominem, como no Detran e Poupa Tempo. Estão sendo tratados por
lideranças políticas familiares, tanto para usos de serviços públicos
corriqueiros (como renovação de CNH) como em rastreamentos inéditos de áreas onde
acontecem mais acidentes.
Acompanhando
o projeto “São Paulo sem papel”, através do qual o governo estadual estimula a
digitalização das solicitações e processos da administração direta, uma série
de procedimentos vinculados ao Poupa Tempo tornaram-se possíveis por
aplicativos de celular. Esta diminuição radical da burocracia foi acelerada com
o projeto que traz para dentro dos Ciretrans este mesmo serviço, unificando os
serviços de documento e monitoramento da movimentação das pessoas num mesmo
sistema. Esta nova realidade que funde serviços de cadastro, solicitação de
documentos e monitoramento do trânsito foi debatida por toda a manhã sob a
moderação da UVESP, mostrando os potenciais para melhorar a vida das pessoas.
Este
processo envolve plataformas como a Google Cloud, que teve um representante no
debate. Ele esclareceu que os sistemas da revolução digital vão muito além de
Google Maps ou uso do e-mail, permitindo localização, por exemplo, de moradias
rurais, aproximando o serviço comum em cidades maiores para agricultores e aumentando
a conexão entre cidade e campo, pois facilita o atendimento do SAMU ou da
Polícia Militar nestas localidades. Também o Ciretran tem seu sistema de rastreamento,
o Infosiga, onde é possível identificar pontos com maiores índices de acidentes
ou levantar estatísticas de trânsito. Na medida em que tudo isso cabe num
celular, temos milhões de Poupa Tempos, um a cada smartphone.
Representantes
do próprio Detran, DER, CET, Cetran, Observatório Nacional de Segurança Viária,
Associação Paulista Municípios (APM), Governo do Estado de São Paulo e prefeituras
(Atibaia, Jacareí, Porto Ferreira, além do ex-prefeito de Campos do Jordão,
presidente da APM) debateram sobre os impactos desta digitalização e fusão de
serviços, além da nova conexão entre os próprios municípios, pois quando se
expande a rede do Poupa Tempo, as cidades vizinhas também usam. Esta capacidade
natural de vincular vizinhos chama para o debate a questão dos consórcios, não
apenas para compras coletivas, mas também governança de serviços públicos de
uso comum, o que trouxe para a webnar a Rede Nacional de Consórcios Públicos,
que já vem tratando da compra de medicamentos para a pandemia e tem sua importância
aumentada no novo contexto.
Faz
todo o sentido começar esta série do Intercidades com a digitalização da
mobilidade urbana e da burocracia, pois vai direto à uma visão inteligente
sobre o perfil dos cidadãos (através de seus documentos e procedimentos com órgãos
públicos) e também sobre a dinâmica de suas vidas, seus movimentos e fluxos nos
municípios e entre eles. Independente de propostas econômicas e de assistência social,
documentos e mobilidade serão sempre serviços públicos que precisam ser
cuidados com base para qualquer política pública. Compreender a relação do
chamado Estado 4.0 com a população começa por aí, e conhecer e entender esta
dinâmica é ponto chave para que a sociedade tenha o domínio do processo.
Tomado pelo como referência para se pensar o municipalismo no ano de 2021 pelo fórum Conexidades,
que deu origem ao Intercidades, o conceito de Sociedade 5.0 consiste exatamente
nas condições para uma sociedade tornar-se protagonista, usando os recursos de
monitoramento e inteligência artificial da Revolução 4.0 de acordo com a sua
vontade: a última palavra é a decisão das pessoas, e não dos robôs. O
municipalismo precisa ser pensado com as demandas e as possibilidades que a
tecnologia oferece para um futuro que está cada vez mais a nossa volta, nas
instituições e pessoas que já conhecemos e ao alcance da mão ou no UBER na
porta de casa. Já o vivemos, e materializar esta discussão sobre um novo normal
que não é tão novo assim é fundamental para o amadurecimento da cidadania.
Marcos
Rehder Batista, sociólogo, doutorando em Desenvolvimento Econômico no Instituto
de Economia/Unicamp, pesquisador do NEA/IE-Unicamp e do SP in Natura
Lab/FCA-Unicamp, líder do projeto RB Sustentabilidade 4.0. E-mail: marcosrehder@gmail.com
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