Reinventando negócios e pessoas. Lições de Pirassununga
Pirassununga foi o primeiro
município da região a possuir ensino universitário público coma chegada da USP
em 1993. Com ela veio a pesquisa científica de ponta e uma modernização de
mentalidade muito perceptível em seus dados e na visão que a Associação
Comercial e Industrial de Pirassununga (ACIP). Hoje contando com um Parque
Tecnológico e dois Distritos Industriais, a produção manufatureira conta com empresas
de peso, como a Caninha 51, Cargill, várias usinas de etanol de grande porte, a
FVO-Brasília (rações) e muitas outras atraídas pela excelência tecnológica, o
que garante que 21% de seu PIB esteja no setor. Contando com 5% de sua economia
no setor agropecuário, possui quase 74% no setor de serviços, o que confirma o
peso de uma associação comercial lá.
A
cidade também esteve entre as mais castigadas pelas restrições provocadas pela
pandemia por pertencer à Região de Piracicaba, e sua direção foi bastante combativa
no sentido de defender os interesses de seus associados, inclusive, entrando
com 2 mandados de segurança contra a prefeitura solicitando uma maior
flexibilização nas atividades econômicas, sem muito sucesso. A principal queixa
da direção da ACIP foi a falta de diálogo e preparação do empresariado para
quarentena, de modo que as restrições vinham de cima para baixo sem que todos
pudessem se adequar, o que de fato foi uma das maiores reclamações onde houve o
chamado mini-lockdown. Porém, pode-se dizer que a principal marca um trabalho
focado na transformação interna dos agentes econômicos locais.
Diante
da falta de perspectiva e do clima de insegurança instaurado, percebe-se que
além das iniciativas de estímulo ao comércio por meios digitais (Facebook,
WhatsApp, etc), houve sim um trabalho para que o comerciante visse seu negócio
de uma forma diferente. Aproveitou-se este período de fechamento para
transformar a mentalidade para um novo mundo que se anuncia, através de
palestras sobre o papel da felicidade no sucesso dos negócios e exercícios de
mapa da empatia. Pode-se dizer que em parte esta postura pode estar
influenciada pelo histórico de vida de seu presidente, que possui uma série de
negócios diferentes e em vários lugares, e já teve experiência internacional,
quando trabalhou, entre outras coisas, como garçom.
Trata-se
de uma cidade industrial com enorme atividade de serviços, tanto devido à
qualificação proporcionada pela USP quanto por estar na beira da via
Anhanguera. Isso é realmente muito relevante, pois está entre duas cidades de dinamismo
econômico considerável: Porto Ferreira e Leme. Não se pode desconsiderar também
o grande contingente de militares que consomem lá devido à Academia da Força
Aérea. Acredito que os comerciantes estarão encarando a reabertura não só com
seus negócios reinventados, mas a si mesmos reconstruídos.
Link para introdução ao projeto “Com a palavra, as associações
comerciais”
https://rbsustentabilidade40.blogspot.com/2020/06/crise-com-palavra-as-associacoes.html
Marcos
Rehder Batista, sociólogo, doutorando em Desenvolvimento Econômico no Instituto
de Economia/Unicamp, pesquisador do NEA/Unicamp e do Urban Living Lab-SP, líder
do projeto RB Sustentabilidade 4.0. E-mail: marcosrehder@gmail.com
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